sábado, 21 de maio de 2011

Orgulho vão e noites a pé

Creio que foi há um mês que sonhei este sonho: em vez de morarmos na quinta do meu padrasto, morávamos todos num pequeno apartamento, situado numa cidade cujas ruas tinham um aspecto pobre e sujo, e onde nenhum prédio tinha mais de quatro andares.
Tinha discutido com o meu padrasto, já não sei porquê... Apesar de o motivo não o justificar, saí de casa, decidida a passar a noite fora. Lembro-me muito claramente de querer que não me quisessem em casa, só para ter uma desculpa para tomar aquela ridícula atitude.
Estava muito mais frio na rua do que eu imaginava, mas o meu orgulho não me permitiu regressar a casa. Aliás, não mudei de ideias nem mesmo quando me cruzei com alguns vagabundos de aspecto ameaçador, que me encheram de medo.
Subitamente, começou a chover. Impelida pela minha vontade inabalável, comecei a procurar um lugar resguardado onde pudesse dormir.
Deitei-me à entrada de um prédio com uma porta metálica. Como as gotas de chuva ainda me alcançavam, senti que tinha ganho a sorte grande quando alguém saiu do prédio: aproveitei imediatamente a oportunidade para entrar.
O interior era escuro e lúgubre: as paredes estavam revestidas de uma tinta cinzenta ou verde, já muito gasta, e sob os meus pés havia uma extensa escadaria de madeira, que, curiosamente, era horizontal em vez de vertical, paralela ao chão desde o principio até ao fim.
Curiosa, avancei uns passos e premi um botão, que deveria indicar o número respectivo a um andar (já não me lembro onde estava o tal botão, mas estava lá).
No momento em que o fiz, as escadas começaram a avançar sozinhas, e fizeram-me pensar nas escadas mágicas de Hoghwarts, ou nas escadas rolantes da estação de comboios do Areeiro.
Pararam subitamente diante de uma porta. Foi então que percebi que naquele lugar os prédios não precisavam de ser altos porque os andares se distribuíam no comprimento, e não na altura. Achei que era algo extremamente estúpido, mas fiquei fascinada por isso de qualquer maneira.
Um homem de aspecto rude, e muito magrinho, abriu a porta. Ficou muito feliz por me ver, e cumprimentou-me calorosamente (tenho a certeza absoluta que já tinha sonhado com ele antes... devo tê-lo salvo de algum monstro, ou algo do género). Convidou-me a entrar e apresentou-se à sua mulher, que estava numa velha e apertada cozinha, com paredes revestidas de uns azulejos acastanhados muito feios. Através das portas do casa, que estavam todas escancaradas, consegui ver os filhos do casal a brincar na banheira, completamente às escuras.
Eram pessoas simpáticas e estava a divertir-me com eles... Mas tinha consciência de que precisava de dormir, porque em breve teria de ir para a faculdade e precisava mesmo de descansar.
O homem pediu-me para passar lá a noite, e tive muita vontade de aceitar, até me lembrar que a minha mãe ficaria muito assustada/zangada se acordasse de manhã e soubesse que eu tinha passado uma boa parte da noite sozinha na rua, e outra na casa de um desconhecido. Ainda por cima, sem ter avisado ninguém. Por isso, agradeci ao casal o seu convite, mas recusei-o e expliquei-lhes porquê, acrescentando que teria de estar em casa antes de madrugada.
Eles ficaram muito aborrecidos com a minha resposta, e começaram a preparar "um farnel para a minha viagem de regresso".
Tentei ser paciente e esperar, mas estava exausta e via desesperadamente o Sol nascer lá fora, sem que eu tivesse dormido um só instante e imaginando a ira da minha mãe quando chegasse a casa.
A cozinha feia do casal transformara-se entretanto na cozinha da casa da minha mãe: muito espaçosa, toda branca e luminosa, só que bastante desarrumada.
Quando finalmente consegui sair de casa do casal, já tinha amanhecido. Olhei para o céu com um suspiro, e pensei que depois das aulas poderia finalmente dormir.

Acho muito interessante o facto de estar a dormir e mesmo assim sonhar com insónias...

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