Ha umas quantas noites, tornei a sonhar com zombies: suponho que tenha alguma coisa haver com a serie "walking dead", de que gosto muito.
Desta vez, sonhei que estava em minha casa, em Massama, e que tinha havido uma infestação.
Os estores estavam todos corridos, e não me lembro se era dia ou noite la fora.
Estava com o meu irmão na casa-de-banho diante do meu quarto, e dizia-lhe:
-Tomas, se me acontecer alguma coisa, quero que saibas que te amo muito...
-Sim, sim, 'ta bem, deixa-te dessas merdas... -disse-me ele, antes de sair da casa-de-banho.
Nesse momento, os dois vimos a luz do mo meu quarto acesa (em Massama, o meu quarto fica mesmo em frente a casa-de-banho), e a nossa mãe sentada a borda a minha cama, com uma boneca de pano na mão. A mobília estava disposta como quando eu era pequena, e não como esta agora.
Os dois fomos ter com a nossa mãe:
-Mãe, o que e que estas a fazer? - quis saber.
-A despir as bonecas.- retorquiu ela, como se me estivesse a acusar de não as ter despido eu mesma. Tinha uma caixa de plástico cheia de bonecas aos pés.
-Mas para que?
-Porque elas não podem ficar assim!- respondeu ela, irritada.
-Então?... -perguntou a minha avo, ao entrar de repente no quarto.
São me lembro de ficarmos todos ajoelhado ao redor da minha mãe, a tentar convence-la a não despir as bonecas.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
O Pai
Tambem esta noite, sonhei com o meu pai.
Nao o vejo ha mais ou menos quatro anos, e mal me lembro da cara dele: so me consigo recordar de uma fotografia sua que me ofereceu pouco antes de se ir embora, dizendo que como nao gostava dela, eu podia ficar com ela.
Desde algum tempo para ca, quando tento pensar na cara do meu pai, por muito que me esforce, e sempre igual aquela fotografia: sempre a mesma expressão, como se o rosto tivesse sido congelado, sempre o mesmo olhar vago, o cabelo penteado para o mesmo lado e a barba feita, o colarinho da mesma camisola...
Tenho imensa curiosidade em saber como esta agora.
Ha uns dias, o meu irmao esteve com ele: para mim, foi muito estranho. Parecia que ele tinha estado com uma pessoa de quem sempre falamos mas que na realidade, nao existe, e com a qual nunca estariamos (como um personagem de um filme, ou assim...).
Ate tive alguma inveja do meu irmao.
Quando eu voltei a casa nesse dia, so queria ouvir uma descrição sua do aspecto do pai, apesar de os assuntos discutidos no tribunal serem muito mais importantes.
O Tomas revelou-me que o nosso pai era muito mais pequeno que ele (algo que eu ja sabia, uma vez que decorei a altura do meu pai muito antes de ele sair da casa, e sei que hoje medimos os dois 1,74cm, muito inferiores aos 1,80m e tal do meu irmao), tinha a voz muito mais fina que a dele (isto fez-me muita impressao, mas uma vez que nao me lembro da voz do meu pai nao consegui sequer imaginar como seria a sua voz fininha), e contou-me ainda que estava mais velho, e, ate, feio.
-Feio?! - exclamei, incredula. Lembro-me de ter achado o meu pai bonito toda a minha vida.
-Sim - insistiu o meu irmao. Contou-me que agora o pai tinha as bochechas descaídas e a cara mais quadrada, alguma barriguinha, e parecia atarracado.
-Parece que encolheu!- comentou.
-Queres dizer que esta a mirrar??
-Sim. Se calhar, ate esta mais baixo que tu. A serio, vais dar pela diferença quando o voltares a ver.
Bem tentei, mas nao o consegui imaginar assim: so o conseguia ver como naquela maldita fotografia.
Contaram-me ainda que o meu pai nao reconheceu o meu irmao e nao saberia quem ele era se este nao se tivesse aproximado dele, e tambem sei que nao perguntou por mim.
Mas esta noite sonhei com o meu pai.
Por um motivo qualquer, a minha mae levava-me ao restaurante chines perto da nossa casa em Massama (o que e absurdo, porque ela se fartou de comida chinesa depois de eu a forçar a ela e ao resto da familia a ir la constantemente).
Eu estava felicissima, a falar com ela e a rir (adoooro comida chinesa), ate, ao passar por uma parede de vidro pintada, me deparar com duas pessoas sentadas a uma mesa. Uma delas, sei que era o meu irmao, apesar de nao ter visto mais que a sua silhueta, uma forma muito pouco difusa. A outra, era o meu pai.
Estava tal e qual o Tomas o tinha descrito, com a exactidao que apenas os sonhos e a imaginaçao desgovernada sao capazes de conceber, mas, ainda assim, eu reconheci-o.
Parecia que o mundo tinha parado e so existiam os olhos dele, muito concentrados e fitos em mim.
Ja nao me lembro como era a cara dele... So sei que tinha as bochechas descaídas, de facto, e grandes papos cor-de-rosa debaixo dos olhos. O resto, nao consigo descrever.
Dei meia volta, meio atordoada, e senti uma terrivel vontade de ir a casa-de-banho.
Comecei a andar em direcçao a casa-de-banho, quando o meu pai se levantou num salto e gritou:
-Não vais embora!
-Vou só a casa-de-banho... -disse. Lembro-me de me sentir muito feliz por ele me querer impedir de ir embora. Ele queria estar comigo.
Lembro-me que ele se acalmou... E não sei como acabou o sonho.
Era naquele restaurante que ele, eu e o meu irmão nos encontrávamos todas as quartas-feiras, antes de ele ir embora. Iamos la tantas vezes que começaram a oferecer-me pulseiras.
Passados dois anos sem o ver, voltei a esse restaurante: tinha tido uma excelente nota num teste qualquer, e, geralmente, eu podia ir buscar sopa chinesa para o meu jantar quando isso acontecia.
Nem eu, nem o meu irmão, e muito menos a minha mãe, la tínhamos ido desde que os encontros com o meu pai tinham sido cancelados...
Ao reconhecer-me, o empregado riu e quase saltou de contentamento, enquanto tagarelava:
-Ilmaozinho, Ilmaozinho! - disse ele, assinalando com a mão a altura que o meu irmão tinha da ultima vez que o vira.
-Irmaozao! - respondei, com um sorriso, agitando a mão acima da minha cabeça, para que ele percebesse que agora o Tomas era bem maior que eu.
Ele riu, todo satisfeito, e logo a seguir perguntou:
-E o pai?
-Não o vejo há dois anos!- respondi, com toda a naturalidade.
O homem ficou aterrado, e durante uns instantes não se mexeu, limitou-se a olhar para mim, mudo, com uma expressão de horror na cara.
Nao o vejo ha mais ou menos quatro anos, e mal me lembro da cara dele: so me consigo recordar de uma fotografia sua que me ofereceu pouco antes de se ir embora, dizendo que como nao gostava dela, eu podia ficar com ela.
Desde algum tempo para ca, quando tento pensar na cara do meu pai, por muito que me esforce, e sempre igual aquela fotografia: sempre a mesma expressão, como se o rosto tivesse sido congelado, sempre o mesmo olhar vago, o cabelo penteado para o mesmo lado e a barba feita, o colarinho da mesma camisola...
Tenho imensa curiosidade em saber como esta agora.
Ha uns dias, o meu irmao esteve com ele: para mim, foi muito estranho. Parecia que ele tinha estado com uma pessoa de quem sempre falamos mas que na realidade, nao existe, e com a qual nunca estariamos (como um personagem de um filme, ou assim...).
Ate tive alguma inveja do meu irmao.
Quando eu voltei a casa nesse dia, so queria ouvir uma descrição sua do aspecto do pai, apesar de os assuntos discutidos no tribunal serem muito mais importantes.
O Tomas revelou-me que o nosso pai era muito mais pequeno que ele (algo que eu ja sabia, uma vez que decorei a altura do meu pai muito antes de ele sair da casa, e sei que hoje medimos os dois 1,74cm, muito inferiores aos 1,80m e tal do meu irmao), tinha a voz muito mais fina que a dele (isto fez-me muita impressao, mas uma vez que nao me lembro da voz do meu pai nao consegui sequer imaginar como seria a sua voz fininha), e contou-me ainda que estava mais velho, e, ate, feio.
-Feio?! - exclamei, incredula. Lembro-me de ter achado o meu pai bonito toda a minha vida.
-Sim - insistiu o meu irmao. Contou-me que agora o pai tinha as bochechas descaídas e a cara mais quadrada, alguma barriguinha, e parecia atarracado.
-Parece que encolheu!- comentou.
-Queres dizer que esta a mirrar??
-Sim. Se calhar, ate esta mais baixo que tu. A serio, vais dar pela diferença quando o voltares a ver.
Bem tentei, mas nao o consegui imaginar assim: so o conseguia ver como naquela maldita fotografia.
Contaram-me ainda que o meu pai nao reconheceu o meu irmao e nao saberia quem ele era se este nao se tivesse aproximado dele, e tambem sei que nao perguntou por mim.
Mas esta noite sonhei com o meu pai.
Por um motivo qualquer, a minha mae levava-me ao restaurante chines perto da nossa casa em Massama (o que e absurdo, porque ela se fartou de comida chinesa depois de eu a forçar a ela e ao resto da familia a ir la constantemente).
Eu estava felicissima, a falar com ela e a rir (adoooro comida chinesa), ate, ao passar por uma parede de vidro pintada, me deparar com duas pessoas sentadas a uma mesa. Uma delas, sei que era o meu irmao, apesar de nao ter visto mais que a sua silhueta, uma forma muito pouco difusa. A outra, era o meu pai.
Estava tal e qual o Tomas o tinha descrito, com a exactidao que apenas os sonhos e a imaginaçao desgovernada sao capazes de conceber, mas, ainda assim, eu reconheci-o.
Parecia que o mundo tinha parado e so existiam os olhos dele, muito concentrados e fitos em mim.
Ja nao me lembro como era a cara dele... So sei que tinha as bochechas descaídas, de facto, e grandes papos cor-de-rosa debaixo dos olhos. O resto, nao consigo descrever.
Dei meia volta, meio atordoada, e senti uma terrivel vontade de ir a casa-de-banho.
Comecei a andar em direcçao a casa-de-banho, quando o meu pai se levantou num salto e gritou:
-Não vais embora!
-Vou só a casa-de-banho... -disse. Lembro-me de me sentir muito feliz por ele me querer impedir de ir embora. Ele queria estar comigo.
Lembro-me que ele se acalmou... E não sei como acabou o sonho.
Era naquele restaurante que ele, eu e o meu irmão nos encontrávamos todas as quartas-feiras, antes de ele ir embora. Iamos la tantas vezes que começaram a oferecer-me pulseiras.
Passados dois anos sem o ver, voltei a esse restaurante: tinha tido uma excelente nota num teste qualquer, e, geralmente, eu podia ir buscar sopa chinesa para o meu jantar quando isso acontecia.
Nem eu, nem o meu irmão, e muito menos a minha mãe, la tínhamos ido desde que os encontros com o meu pai tinham sido cancelados...
Ao reconhecer-me, o empregado riu e quase saltou de contentamento, enquanto tagarelava:
-Ilmaozinho, Ilmaozinho! - disse ele, assinalando com a mão a altura que o meu irmão tinha da ultima vez que o vira.
-Irmaozao! - respondei, com um sorriso, agitando a mão acima da minha cabeça, para que ele percebesse que agora o Tomas era bem maior que eu.
Ele riu, todo satisfeito, e logo a seguir perguntou:
-E o pai?
-Não o vejo há dois anos!- respondi, com toda a naturalidade.
O homem ficou aterrado, e durante uns instantes não se mexeu, limitou-se a olhar para mim, mudo, com uma expressão de horror na cara.
Ele só queria ficar no meu quarto...
Ha já muito tempo que não escrevo nada aqui (tenho estado muito ocupada), e infelizmente já me esqueci de muitos dos sonhos que tenho tido.
Esta noite porem, tive um sonho que não posso adiar.
Um pesadelo, alias.
Sonhei que estava a dormir no meu quarto, e que ao acordar me deparava com um grande e gordo homem negro sentado aos pés da minha cama.
Ao lado da minha cama, no chão, estava uma gambiarra com pequeninas e coloridas lanternas chinesas que realmente tenho, e que, de facto, estava ligada naquela noite, projectando uma luz avermelhada no meu quarto.
Tudo estava tal e qual a realidade.
Excepto o homem, que olhava para mim e sorria. Parecia louco.
Pedi-lhe para sair do meu quarto, mas ele limitou-se a rir (e penso que também cantarolou qualquer coisa) e não se mexeu.
Gritei pelo meu irmão que, muito, mas mesmo muito chateado por eu o ter acordado, veio ate ao meu quarto (o quarto dele e mesmo ao lado do meu) e puxou e empurrou o homem la para fora. Logo a seguir, deitou-se, decidido a não se levantar novamente ate de manha.
Entretanto, eu saltei da cama e, entreabrindo a porta, tirei a chave do lado de fora e tentei trancar a porta a partir de dentro.
Quando tinha acabado de o fazer, vi as pontas de um gancho de cabelo aparecerem na fechadura e empurrarem a chave para fora, ao mesmo tempo que a porta se abria:
-Não! - gritei.
Esforcei-me por voltar a fechar a porta, empurrei-a e atirei-me contra ela, mas o homem era demasiado forte... Também gritei pelo meu irmão, mas ele não apareceu.
Não me lembro como terminou o sonho. Sei no entanto que o homem não me queria fazer mal nenhum, só queria estar no meu quarto, sentado aos pés da minha cama. Eu e que não o queria la... era perturbador.
Esta noite porem, tive um sonho que não posso adiar.
Um pesadelo, alias.
Sonhei que estava a dormir no meu quarto, e que ao acordar me deparava com um grande e gordo homem negro sentado aos pés da minha cama.
Ao lado da minha cama, no chão, estava uma gambiarra com pequeninas e coloridas lanternas chinesas que realmente tenho, e que, de facto, estava ligada naquela noite, projectando uma luz avermelhada no meu quarto.
Tudo estava tal e qual a realidade.
Excepto o homem, que olhava para mim e sorria. Parecia louco.
Pedi-lhe para sair do meu quarto, mas ele limitou-se a rir (e penso que também cantarolou qualquer coisa) e não se mexeu.
Gritei pelo meu irmão que, muito, mas mesmo muito chateado por eu o ter acordado, veio ate ao meu quarto (o quarto dele e mesmo ao lado do meu) e puxou e empurrou o homem la para fora. Logo a seguir, deitou-se, decidido a não se levantar novamente ate de manha.
Entretanto, eu saltei da cama e, entreabrindo a porta, tirei a chave do lado de fora e tentei trancar a porta a partir de dentro.
Quando tinha acabado de o fazer, vi as pontas de um gancho de cabelo aparecerem na fechadura e empurrarem a chave para fora, ao mesmo tempo que a porta se abria:
-Não! - gritei.
Esforcei-me por voltar a fechar a porta, empurrei-a e atirei-me contra ela, mas o homem era demasiado forte... Também gritei pelo meu irmão, mas ele não apareceu.
Não me lembro como terminou o sonho. Sei no entanto que o homem não me queria fazer mal nenhum, só queria estar no meu quarto, sentado aos pés da minha cama. Eu e que não o queria la... era perturbador.
Subscrever:
Mensagens (Atom)