sábado, 26 de dezembro de 2009

Sonho da Noite de Anteontem

Havia, no topo deste monte onde está a minha casa, um castelo, imenso e colorido, cheio de passagens secretas: portas que giravam sre si mesmas, em torno de um eixo. Cada vez que comtepletavam uma volta, o desenho mudava: ou era um sol e uma lua, ou um rei gordo... mas sempre muito coloridos.
Nesse castelo, vivia um rei e a sua família. Eu era o principe. Viajando pelas passagens secretas, descobri uma varanda, sem grades, nem qualquer tipo de protecção, onde me deparei com um dragão negro.
O dragão passou a ser meu.
O rei evitava constantemente a rainha:ela padecia de um mal terrivel. O seu corpo estava coberto de pequenas borbulhas, dentro das quais cresciam larvas, que esticavam a pele da mulher até se parecerem com sacos de plástico cheios de água pendurados no seu corpo. Depois, rebentavam, e escorria pus e água, e deixavam na rainha uma ferida aberta. Chamavam-lhes “chagas”.
Num repente, o castelo transformou-se na minha casa, e já não haviam nem rei nem rainha, só os seus filhos. Eu também já não era o principe, era eu, mas mesmo assim os filhos do rei e da rainha eram meus irmãos, e todos tinham a mesma doença que a mãe.
Quando vieram ter comigo implorando ajuda, eu fugi, e, desiludidos e enraivecidos, perseguiram-me de braços esticados e mãos abertas.
Escondi-me num quarto frio, onde, através do estor mal fechado, entrava umaluz dourada. Numa fracção de segundo, vi a silhueta do meu dragão projectada na janela.
Saí o mais depressa possivel do quarto, e deparei-me com a minha mãe e o meu tio Bé, que me contaram que o meu irmão Tomás e o meu primo Alexandre tinham fugido montados no meu dragão, deixando apenas um dois bilhetes: um escrito em inglês, para a minha mãe, outro em alemão, em tinta vermelha com letras muito grandes, para o tio Bé.
Arranquei o bilhete escrito em inglês da parede onde tinha sido colado, ao lado das escadas, sobre a salamandra.
-Esse é meu!- disse a minha mãe. – Não percebo alemão.
-Eu também não... – retorqui, enquanto abria o bilhete e saía de casa.
Curiosamente, o bilhete estava afinal escrito em francês, e havia espaços por preencher. Mesmo assim, percebi que o meu irmão fugira para escapar às “chagas”, e que contava que conseguira um voo barato. “Porque ninguém acreditaria que ele tinha um dragão...” pensei.
As árvores da quinta, que já foram cortadas, estavam outra vez inteiras... mas os meus cães estavam outra vez doentes, com “chagas”, e quando eles vieram ter comigo a minha mãe gritou que me afastasse deles.
Fugi para dentro de casa, onde a minha mãe estava a afastar os pêlos da barriga da minha gata, examinando as ”chagas” que estavam penduradas nela.

1 comentário: