Hoje, sonhei que vivia numa selva luxuriante, com uma tribo de alegres indígenas.
Não me lembro muito bem de como fui até lá... Lembro-me de passar por um sítio parecido com a minha faculdade, só que muito maior, com mais corredores e salas, quase um labirinto. Recordo-me de correr e saltar nesse labirinto como se fosse mergulhar, ficando depois a flutuar no ar, e movendo-me sobre a cabeças das outras pessoas como se nadasse debaixo de água...
Na tribo onde eu vivia, havia um rapaz branco, como eu, que fôra criado pelos nossos amigos índios. Talvez por sermos da mesma raça, ele compadeceu-se de mim, teve pena de me ver perdida no meio da floresta, e enquanto estive entre os indígenas, não me largou: estávamos sempre juntos.
Certo dia, fomos pescar: viajámos até uma praia pequena, rodeada por uma enorme falésia, repleta de edifícios abandonados.
Perscrutámos os prédios em busca de material para construirmos cestas para transportar o peixe: lembro-me vagamente de uma menininha que fizera a sua cesta apenas com caixas de Cd's...
Assim que as cestas ficaram prontas, descemos à praia: eu e um grupo de jovens entusiastas corremos para a água cheia de peixe, e, à primeira tentativa, agarrei um peixe gordo, que ficou a contorcer-se na minha mão até o pôr na cesta que partilhava com o meu inseparável amigo. Os peixes eram todos brancos, de corpos achatados mas rechonchudos, com pequenos bigodes.
Sorri ao meu companheiro, muito orgulhosa do meu sucesso, mas ele estava apreensivo: contou-me que, apesar de a água parecer cheia de peixe, a verdade é que nos anos anteriores havia muito mais.
Então, a tribo decidiu investigar os prédios abandonados, em busca de um motivo para aquele desastre.
Numa das salas, que tinha o chão coberto de lajes, o meu amigo descobriu uma solta. Levantou-a, e verificámos que tinha sido colocada directamente por cima de água.
Lá, estavam a boiar duas estatuetas de santos:
-A culpa é dos santos! - acusou o meu amigo. - Eles estão a dar informações aos jornalistas!!
Ao ouvir isto, pegámos nas estátuas e atirá-mo-las ao chão, partindo-as.
Nesse momento, uma das paredes da sala foi rebentada por uma imensa máquina escavadora, da qual saíram homens brancos, furiosos com a atitude dos indígenas. Agarram-me e levaram-me à força para a sua máquina escavadora, que também funcionava como meio de transporte.
Depois, meteram-se pelos túneis que tinham escavado para vir ao nosso encontro, levando-me com eles.
Furiosos, os índios perseguiram-nos, até que a máquina se deteve ante uma parede antiga de tijolo, coberta de antigas pinturas aztecas.
Curiosamente, essas pinturas assemelhavam-se a um gigantesco guia turístico, e maravilhados, os homens brancos descobriram que os aztecas (que segundo as pinturas feitas na parede viviam na Índia) sonhavam construir uma cadeia de hotéis pelo mundo fora.
Devolveram-me aos meus amigos índios, e foram-se embora, prometendo nunca mais nos importunar.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário