sexta-feira, 23 de abril de 2010

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Há algumas noites, sonhei que me encontrava face a face com a Rainha de Copas, num apartamento. Decidiu a rainha que, para seu divertimento, largar-se-ia uma terrível besta que iria perseguir-me e matar-me se me apanhasse, para seu divertimento.
No momento em que disse isto, uma porta abriu-se de rompante e ouviu-se o rugido de um monstro horrivel: era muito alto e magro, sem pele, só ossos e carne putrefacta, em alguns lugares ainda brilhante de sangue vermelho. O rosto era uma caveira, rodeada de uma juba verde e castanha. Lembro-me perfeitamente: no lugar dos olhos, tinha duas opalas negras, e os dedos terminavam em longas e afiadas garras escuras.
Larguei a correr como nunca na minha vida.
Ao abrir a porta de entrada do apartamento, deparei-me com vários lances de escada, e pus-me logo a descê-los o mais depressa que podia, a saltar tantos degraus quanto conseguia.
O monstro perseguia-me entre rugidos, sacudindo com força o corrimão, cheio de raiva.
Eu tinha a certeza de que se chegasse ao fim das escadas, encontraria uma saída e conseguiria escapar para fora do prédio, mas, ao abrir a porta que deveria dar para a rua, dei comigo novamente na sala da rainha, com a besta à minha frente, a rosnar.
Tornei a correr dali para fora, em direcção às escadas, com o monstro sempre atrás de mim. Só que desta vez eu estava cansada... Ao vê-lo aproximar-se cada vez mais de mim, triunfante, tive uma ideia: saltei o corrimão e, esticando o corpo, deixei-me cair entre os lances de escadas.
Estava à espera de aterrar com um estrondo lá em baixo, e de me magoar, mas os meus pés tocaram delicadamente no chão, e, graciosa e leve como uma pluma, pousei.
Desta vez, quando abrir a porta do prédio, dei comigo realmente lá fora.
Então, deixei de ser eu quem fugia, tornei-me mera observadora, e vi como o grilo Falante, a consciência de Pinóquio, saía a correr do prédio, a fugir da fera que a Rainha de Copas libertara. Ao ver uma corda pendurada à sua frente, o Grilo decidiu puxá-la, certo de que, se o fizesse, caíra sobre o monstro um lençol que o prenderia, como se fosse uma rede.
Porém, não conseguiu fazê-lo: não era suficientemente pesado, e, resignado, decidiu explicar ao monstro o seu plano, confiante, certo de que este o compreenderia e perdoaria.
Assim, como uma criança arrependida, o Grilo disse tudo sobre a artimanha à besta, que já não era a coisa horrenda que me perseguira mas o Gato de Cheshire, que olhava céptico para a corda que o outro apontava.
-... e depois eu fazia assim... -ia exemplificar o Grilo, pendurando-se na corda. Ao fazê-lo, uma grande manta azul caiu pesada sobre o Gato, que bufou e bramiu as garras em todas as direcções, emaranhando-se cada vez mais na armadilha, dando tempo ao Grilo para fugir.
Nesse instante, o Grilo deixou de existir e era eu quem fugia novamente.
Enquanto me afastava, avistei ao longe Hevvin, que andava de um lado para o outro todo curvado e nas pontas dos pés, de punhal na mão, à procura de uma vítima.
Fui ter com ele, que, ao ver-me, sorriu com malícia e afagou com a ponta do indicador o punhal, antes de escondê-lo atrás das costas e me cumprimentar com delicadeza.
Levou-me pela mão até ao pátio de uma prisão, cercado por uma grade coroada de arame farpado, e sentámo-nos frente a frente a uma mesa.
Lá, pediu-me em casamento, ao mesmo tempo que, erguendo o punhal, se precipitava sobre mim:
-MARRY ME! MARRY ME!!
Gritei, e agarrei-o com toda a força pelo pulso, tentando afastar o punhal.
Enquanto espumava da boca e investia contra mim, continuava a perguntar-me se aceitava o seu pedido.
Não sei como, mas consegui arrancar-lhe o punhal da mão e tentei atirá-lo por cima da grade do pátio... Mas Hevvin empurrava-me e puxava-me uma e outra vez, rápido e com força, e não consegui atirar para longe a arma: caiu mesmo atrás dele, perto de uma outra mesa onde estavam sentados Ed, Edd e Eddy, a conversar:
-Por favor! Atirem o punhal lá para fora! - implorei -I promise I'll reward you!
Ao ouvirem a palavra "reward", os três saltaram sobre o punhal ao mesmo tempo, e, emvez de fazerem o que lhes fôra pedido, começaram a lutar uns com os outros, a ver quem atiraria o punhal lá para fora.
Assim, Hevvin recuperou sem esforço o punhal.

Não me lembro como terminou o sonho... Todos os personagens nesta história, excluindo eu e a besta, são desenhos animados, todos muito conhecidos. Se o leitor não souber nada àcerca deles, poderá descobrir rapidamente, através de uma pesquisa no Google.
Só é menos provável que encontrem algo relativo a Hevvin (lê-se "Heaven", já agora): trata-se de um personagem de uma banda-desenhada de Hot-Choc. O seu nome completo é Hevvin Angelbright, e ele é o ultimo unicórnio à face da terra... uma vez que matou todos os outros.

Se alguém quiser saber algo mais àcerca de Hevvin, visite:
http://hot-choc.deviantart.com/

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