quinta-feira, 26 de maio de 2011

É só levantar a tampa... e eis o cérebro! Tã-ram!

Uma ou duas noites depois daqueles últimos sonhos incríveis, sonhei que, devido a um acidente qualquer, uma grande parte do meu crânio se partira: puxando o cabelo, era possível remover pele e osso e expor o meu cérebro.
Não sentia dor, mas temia que a qualquer momento aquele bocado da minha cabeça caísse e o cérebro fosse atingido por alguma coisa. Por isso, passava grande parte do tempo com as mãos na nuca, ou então curvada, de maneira a que o queixo ficasse apoiado sobre o peito. Assim, eu conseguia manter aquela bizarra tampa no devido lugar.
A certa altura comecei a sentir comichão ao redor do buraco, acompanhada de um ardor atroz. Corri para a casa de banho, e, desesperada, comecei a cortar o cabelo rente ao crânio (algo que eu jamais faria, pelo menos sem chorar).
Após duas ou três tesouradas, a maior parte do meu cabelo estava espalhada pelo chão, formando montinhos de brilhantes fios negros. Na minha cabeça, pouco restava da esplendorosa cabeleira: uma escassa franja tombava sobre a minha testa, e, por toda a cabeça, havia grandes peladas. Sobre a "tampa", não havia um único cabelo.
Examinei-a cuidadosamente e descobri três pequenos buracos, muito redondinhos, que, sinceramente, me fizeram lembrar uma bola de bowling, ou um côco.
Pouco depois, um dos buracos estava agrafado, certamente para fechar mais rapidamente. Entre a pele esticada, escorria um pequeno fio de sangue.
Ao descobrir-me com o cabelo rapado, a minha avó insistiu em ver o que se passava. Primeiro recusei, ansiosa de que ela removesse a "tampa" para examinar melhor a ferida. Depois, vencida pela sua insistência, acedi e voltei-me de costas para ela, dobrando os joelhos para que a ferida ficasse ao nível dos seus olhos.
-Não a tires. - repeti eu, pela milésima vez.
-Está descansada... -tranquilizou-me ela, enquanto palpava a minha cabeça com os dedos ágeis e as unhas pontiagudas.
Pouco depois, lembro-me de estar num local semelhante a uma estufa. Era muito quente e abafado, e havia plantas altas e de folhas largas por todo o lado.
Eu sentia-me exausta, e até piscar os olhos me custava. Mas tinha de fugir: estava em perigo.
Esforçava-me para me pôr de pé quando uma mão enorme me agarrou pela cintura e me puxou na sua direcção. Parecia-me que aquela mão ia esmagar-me com a sua força, e tudo o que consegui fazer no momento em que me agarrou foi soltar um estranho grunhido abafado, com o qual expulsei todo o que ar que tinha nos pulmões.
Incapaz de me debater, desisti, e lembro-me de estar bastante calma enquanto aquela criatura me levava de um lado para o outro, acabando por largar-me no meio das plantas.
Durante um bocado, fiquei ali, estendida no chão, sem me mexer.
Um homem apareceu, então, e colocou-me sobre o que parecia uma pequena bancada branca. Inclinou-se sobre mim e beijou-me. Desviei o rosto, mas ele segurou-mo e forçou-me a encará-lo. Com medo que a "tampa" caísse, tentei segurá-la, mas os meus braços não me obedeciam. Por fim, fechei os olhos e retribuí o beijo. Quando dei conta já estava a afastar as pernas, segurava o corpo dele com as mãos e puxava-o de encontro ao meu.
Pouco depois, acordei.

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